domingo, 29 de novembro de 2015

23. Medos vários


Tenho medo... Medos... Vários...
Tenho até ás vezes medo de ter medo mas mais vezes tenho medo de não ter medo...
A introspecção semanal levou-me a concluir que sou um tipo medroso... Eu posso dizer que tenho medo de quase tudo... Os medos mais óbvios são aqueles físicos como desportos radicais onde sentes adrenalina... Odeio adrenalina... Porque raio havia eu de me colocar numa situação de risco só para sentir a tal da adrenalina?... Isso até há em comprimidos aposto... Prefiro mil vezes tomar um comprimido do que me atirar abaixo de uma ponte... Mas adiante... Cobras também me dão medo... Eu diria que é um medo que 90% da população mundial deve ter por isso não é assim muito interessante debater... Vamos ao que interessa...
Tenho medo de acabar a falar sozinho como vejo tanta gente nesta cidade a fazer... Bem ou mal vestidos, novos ou velhos... É muita gente a falar sozinha... Acho de uma tristeza profunda... Dá-me medo... Qual o motivo? Talvez solidão... Talvez princípio de uma loucura que se avizinha... Genialidade não creio... Não quero... 
Medo de ser ridicularizado... Mas só por alguém que admiro... E não admiro assim tão facilmente... Às vezes admiro o que menos importância tem... Talvez devesse admirar ainda menos... Mas tenho medo... Não quero que se riam de mim mas antes comigo...
Tenho medo de deixar de ser engraçado... Cada um joga com armas que tem... Não sou bonito, não tenho músculos, não sou moreno e já estou a ficar careca no cocuruto... Tenho de ser engraçado... Não é um hobbie... É uma necessidade... Um gajo feio sem personalidade ou graça tá fodido... Resta-lhe o que? Só se for dinheiro... Ou ilusão... 
Tenho medo de não voltar a amar... Mas tenho o tenho de amar... Ou talvez de me apaixonar... Amar tá tudo bem... É um sentimento cândido... Higienico... Mas paixão não... É aquela adrenalina que não se arranja em comprimidos mas que também pode ser a debilidade que só com comprimidos te safas... 
Tenho medo de não ter amigos... Sendo um dos meus medos e ódios a solidão... Só posso querer estar rodeado de amigos... Mas não é daqueles amigos que se estão a borrifar pra ti ou te sugam a energia e o que tens a dar... Os amigos que te fazem sentir em casa... Os amigos que te dão o ombro... Os amigos  amigos...
Tenho medo que não gostem de mim... Não consigo lidar com a rejeição... Isto de se ser emancipado e urbano é tudo muito bonito mas ninguém vive bem só para si mesmo... Recuso-me a acreditar... Odeio, não só que me odeiem, mas que me ignorem...odeio ser indiferente... Talvez a pior rejeição seja a indiferença...
Tenho medo de falhar... Reconhecer a minha incompetência... Não tenho de ser "o mais" mas tenho de estar acima da média... A mediocridade deixo para os outros... Assusta... Talvez seja isso que nos faz crescer e criar... Mas não consigo não calcular... 
Tenho medo de envelhecer e tenho medo de morrer... Não se prende com o facto de deixar de me parecer com o Brad Pitt... Não corro esse risco... Mas tornar-me inútil... Um impecilho... Isso na velhice... A morte é o fim... Tenho medo do fim...
Tenho medo de ter tantos medos... Talvez me faça perder tempo... Talvez me faça não aproveitar... Tenho medo de estar a desperdiçar... Quero petiscar sem medo mas não quero apostar em cavalos mancos... 
Acho que no fundo do que tenho mais medo é de ser um humano... Temos muitas falhas... Demasiadas... 
Assim concluo a blogada desta semana com o medo de que se aborreçam antes de chegarem a meio...

São vidas... Medrosas e às vezes merdosas.

Beijos vários,
PM

segunda-feira, 23 de novembro de 2015

22. Individualidade ou individualismo


Foi uma semana de muita introspecção... Numa cidade como Londres, onde estas rodeado de gente mas na realidade sempre sozinho, ou já és individualista ou tens de passar a ser... Ninguém tem tempo ou paciência para ninguém.  
Comecei por me sentir sempre sozinho e a questionar-me porque é que eu tenho sempre disponibilidade para tudo e todos e o resto do mundo tem sempre planos e afazeres... Serei o único ser neste sítio que não precisa de um PA para lhe organizar a vida? O telefone ajuda-me bastante a programar os dias... Nunca antes tinha tido necessidade de ter agenda onde todos os acontecimentos vão parar lá de forma a organizar-me mas... Sempre busy??? Really? 
Toda a gente corre o tempo todo... Nem que seja pra ir tomar café com um amigo... Estava na agenda: 17.45 - Meet Max for a coffee at N1 4UD Danish Cafe. Acredito que muitas pessoas até coloquem os tópicos de conversa a ter e o tempo dispensado para cada tópico... Eu não consigo ser assim!
Organizo o meu tempo de forma a ter espaço para situações como encontrar-me com amigos, ir ao cinema, ir jantar fora, ir ao supermercado e até fazer máquinas de brancos, cores e pretos... Onde é que as outras pessoas gastam o tempo que estão sempre ocupadíssimas? Será a minha vida assim tão vazia que nem preenche o suficiente do meu dia a dia de forma a parecer mais interessante? Será que gosto de a preencher demasiado de forma a poder não sentir o vazio que é indiferente ou necessário aos outros?
Não gosto de estar sozinho! Admito...
Ao que parece isto é revelador de fraqueza... Mas eu não gosto! 
Testei-me de várias formas... Aparentemente outro sinal de fraqueza é o Facebook... Ou porque se posta, ou porque se comenta, ou porque o raio que parta... O Facebook deveria ser-nos indiferente e ser usado apenas 30 segundos ao dia no máximo de forma a parecer que somos a Rainha de Inglaterra cheia de interesses e compromissos... Vai daí... O Facebook estava-me a chatear com tanta gente desse calibre e a fazer-me sentir cada vez menos interessante... Anúncio ao mundo que ia terminar com a minha conta... Um disparate pegado... Teorias sobre este tópico mais à frente.
Na sexta feira passada tive o dia de folga e desafiei-me a mim próprio a arrepiar caminho e ir fazer turismo a Oxford... Uma espécie de Coimbra mas mais famosa e muito mais fria...
Meto-me num comboio e lá vou eu a sentir-me todo confiante... Bota phones nos ouvidos, uma musiquinha gostosa e aprecio a vista durante o percurso... Uma horinha a partir de Paddington e chego a Oxford... E agora?... O único plano era sentir-me confortável a fazer turismo sozinho... Pra onde ia? Que havia de visitar? Comentava as criaturas absurdas ou engraçadas com quem? A quem dizia que aquele gajo era giro ou que precisava de um corte de cabelo?... Tentei manter um espírito positivo e seguir as setas do centro... Havia pensado antes que toda esta experiência se poderia tornar mais fácil e interessante se tivesse uma tarefa... Decidi fazer um vídeo,a partilhar mais tarde no Facebook, de forma a que toda a gente visse o interessante que eu sou... Viajo sozinho e divirto-me horrores... Visitei imensas coisas, parei para me deslumbrar com a vista, fui ao pub mais antigo e típico da célebre localidade... Enfim... Turismo... Mas não estava lá ninguém para partilhar tudo isto comigo... Precisava de comunicar... Tanto que até perguntei a uma senhora a razão de colocarem os talheres ao contrário na sala de jantar famosa no Harry Potter... A mulher olhou pra mim com um ar incrédulo e respondeu... Mas estão colocados da maneira normal... End of conversation!
Eu já não sabia se estava a enlouquecer ou se em Inglaterra as pessoas comem com o garfo na mão direita mas pela via das dúvidas tirei fotos de forma a confirmar mais tarde... Talvez usem os talheres ao contrário...
Regressado dessa... Não bem bela mas... Notável vá... Localidade, uma vez que ainda era cedo pra me enfiar no meu muquifo a uma sexta-feira, resolvi ir ao pub do costume no Soho... Não estava lá ninguém que eu conhecesse ou quisesse conhecer... Foi o tempo de beber um gin e por-me a caminho de casa para postar o vídeo e sentir-me confortável na companhia do meu Facebook.
Cheguei à conclusão que me é indiferente não o Facebook mas sim o que possam pensar sobre o uso dele... O que retiro dali é companhia e conforto... Podia arranjar um namorado... Podia... Podia ler um livro... Podia... Podia tricotar um cachecol pra este inverno rigoroso... Mas pra já é assim que faz sentido pra mim... É o auge da minha individualidade a caminhar pro individualismo a que esta cidade obriga.
Se é que posso concluir alguma coisa desta última semana é que não gosto de estar sozinho, não sei ser individualista mas nunca vou perder a minha individualidade... Tenho muito pra dizer ao mundo!

São vidas... Solitárias na grande metrópole.

Beijos vários,
PM

domingo, 15 de novembro de 2015

21. Ser-se Gay...


35 anos e meio a ser-se gay devia dar direito pelo menos a estar habilitado a um magnífico automóvel sem ter de ligar o 760 300 300... É das coisas mais difíceis que há...
Não sou aquele gay dramático-perseguido pelo mundo nem nunca me senti com medo ou vergonha de ser o que quer que seja mas nunca ninguém me deu um manual de instruções que me ensinasse tudo aquilo que precisava de saber com ferramentas incluídas pra montar... A vida. Imaginem o que é o móvel mais elaborado do IKEA sem instruções de montagem e a faltar as chaves de fendas (ou lá o que é... Sou gay não percebo de bricolage).
Tive as minhas primeiras experiências bem novinho... Não tinha ainda 10... Obviamente que não sabia o que ali se passava... Só sabia que gostava... E gostava naturalmente... Nunca me questionei porque não gostava de meninas... Não... Gostava de rapazes pronto... E dos giros... 
Não vou explorar o tema infância porque não é assim tão interessante e implica terceiros, quartos, quintos e etc por aí fora que aparentemente só queriam experimentar... Continuamente mas experimentar.
Ter nascido e vivido até aos 19 anos num meio industrio-rural (tipo Trofa mas sem aquele povo absurdo) podia ter-me conduzido ao título de The only gay in the village... Mas não... Pelo menos nunca senti nenhum comportamento ofensivo... Obviamente que as pessoas comentavam e os heteros que experimentavam continuamente vangloriavam-se do uso dado ao não hetero... Enfim... Nunca tive a necessidade de me insurgir... No colégio era querido de toda a gente, era popular, tive as minhas paixonetas... Tudo aquilo que qualquer pessoa, gay ou não, deve ter... E eu tinha 2 handicaps... Era gay e gordinho... O tão popular chubby... Talvez tenha tido sorte!
Os anos foram-se passando e com 18 anos fui pela primeira vez a uma discoteca gay... Moinho de Vento... Era a primeira vez que via homens que gostavam de homens a fazerem-no abertamente... Ou pelos menos abertamente naquele sítio fechado.
Porto...1998... Inverno... Uma ruela escura sem grande movimento escondia uma discoteca muito pequena onde para entrar tinha de se tocar à campainha. Tudo isto já adivinhava um ambiente ao qual eu não estava habituado... Era o Bas Fond gay da pré democratização gay pelo menos na cidade do Porto. Pouco tempo depois de ter entrado, um homem mais velho (com a minha idade atual) fixava-me com um olhar devorador com se eu fosse um leitão da Bairrada acabado de sair do espeto... Senti-me desejado pela primeira vez... Sim porque das outras vezes eles só queriam experimentar... Continuamente. Ele era bonito, atraente, educado e eu cai... Cai e fiquei caído vários anos... Até ele se casar e ter um filho... A história repetia-se.
Onde está o capítulo do manual de instruções que te explica que na comunidade gay é suposto teres atração e sexo por um homem mas nunca te apaixonares? Sim... Porque 35 anos e meio depois nada mudou... É-te dito que és uma princesa se gostares de alguém... É suposto só usares... E muitos... Se possível ao mesmo tempo até.
Os anos passaram e alguns relacionamentos falhados mais tarde aventurei-me numa incursão de macho gay... Uso fortuito de gajo jeitoso a repetir se fosse gostoso mas pondo de parte qualquer tipo de emoção... Durou pouco tempo a atitude... Ao primeiro beijo já estava atordoado e ao fim da noite já dava por mim a procurar no manual: "Como eliminar uma possível paixão do corpo sendo que tem menos de 24h?" 
Onde estava o manual? Quem é que eu devia processar pela falta de manual? Alguém devia ser responsável por isso!!!
Foram 7 anos de uma bela relação com altos e baixos que acabou comigo a fazer de rena tão grandes eram os cornos... Que fazer? (Como diz a senhora que encontra um morto a boiar na levada e pensa que é um porco)
Entrar em modo macho gay novamente e sacar o número máximo possível e impossível de gajos... Mais uma vez durou pouco... Desta vez não porque me apaixonei mas porque não conseguia sentir nada senão aborrecimento... 
Capitulo: "Como não sentir um vazio deprimente após ter sexo com um one night stand?"
Eu tenho a certeza que andam a esconder o manual de mim... Eu olho à minha volta e a malta vive nesse esquema há anos e são felizes e contentes. Eu estou a exigir muito ou a ser um mau gay? Alguém me mostre o caminho da luz!!! Ou trevas!!!
Mudo-me pra Londres com a certeza que aqui tudo será mais fácil pois é uma cidade muito à frente onde se tropeça na densidade gaysal por metro quadrado. Errado!!! Piorou!... Muito!
É verdade que a quantidade de gays por metro quadrado é comparável à densidade de políticos corruptos na Assembleia da República em Portugal mas a oferta é muita, a velocidade e ritmo de tudo é gigante e a toleria é maior... Fazer sexo com um estranho mas sem drogas equipara-se a uma freira carmelita a fazer biscoitos, ter uma relação... só aberta, paixão... é pra gente maluca e amigos... Quem?... Ami who??? No hablo... 
Em cima de tudo isto se não pertenceres a uma grupeta... Já foste! És Twink? És hunk? És bear? Que tipo de bear? Muscle bear? Otter? Chaser? Para chubby bear carregue na tecla 4 e oiça as instruções calmamente... E vá tirando notas.
Não dá só pra gostar de homens? Não... Demasiadamente fácil.
Ah! Não posso terminar esta blogada sem antes perguntar: Que tendência é esta tão em voga do gay que dá tira? Que quer e não quer? Que vem e foge? 
Onde está o manual???... Pelo menos umas FAQ's! Qualquer coisa!

Sabeis que mais?

São vidas... Sem explicação!

Beijos vários,
PM

segunda-feira, 9 de novembro de 2015

20. A minha nova realidade


Tudo Isto parece ter começado com um não começo e vários fins... 
Sempre ouvi dizer que a vida dá muitas voltas... Mas que querem dizer com isso? Alguém pensa no que está a dizer quando o diz ou simplesmente sai pela boca fora à velocidade de um perdigoto numa noite de bebedeira? Que voltas são essas? 
A verdade é que a minha começou a rodar à velocidade de centrífugação assim que terminei a minha perfeita vida a 2. Foi um belíssimo relacionamento que nasceu de uma casualidade literal e se prolongou por 7 anos.... Assim que foi dado o primeiro beijo soube que tava tudo fodido... Tudo acontecia na perfeição com a exceção de uma família, não sei se conservadora ou só perturbada, que me perseguia com o intuito de me liquidar pondo termo... A tudo... Detalhes...
Era a casa com a cor perfeita nas paredes, o móvel escolhido para materializar a visão decorativa, a viagem romântica ao destino desde há muito desejado, o carro rápido de design italiano, o restaurante com comida em cama de regada a redução de, a cadela mais palhaça e mais popular do seu  bairro... O casal maravilha do prédio...!
Planos imensos a fundo perdido com visão a longo prazo... 
Como que numa forma de aviso da crise económica em Portugal, primeiro veio o par de chifres... Fui trocado!
Foi uma volta de tal forma brusca que me deixou ourado dourado (como diz a senhora dos apanhados da RTP) pra muito dificilmente me recompor... Não fosse ter sido trocado por alguém da Trofa, terra esta que já há muito me provocava ataques de pânico controlável apenas com uma overdose de Victans. 
Não contente, o mundo, com esta crise pessoal... Vem a crise economica... Fui declarado muito caro para a empresa onde estava... Uma empresa absurda onde o nível de literacia se encontrava em risco de ameaça à saúde pública... O Tone despediu-me!
Bom... Que mais poderia acontecer?... Eu nem precisava puxar o drama... Tava instalada a grande depressao... Qual anos 20 nos EUA qual que!? Shakespeariano era o meu nome do meio tamanha era a minha tragedia...  Vivi o drama vários anos até decidir emigrar a fazer a linha Linda de Suza mas com mala Samsonite... 
Londres era a terra prometida... O oásis no deserto... Afinal era só uma miragem!
Não estava a ser fácil arranjar trabalho pois ora era muito qualificado ora era emigrante..., não me identificava com este povo, não tinha casa, não tinha família ou conhecidos... Estava pior que a Floribela... Ela não tinha nada mas tinha tudo... Eu só tinha nada.
Lá apareceu um trabalho... Nem tudo estava perdido... Há motivo pra celebrar!... Nem vou desenvolver a ideia... A empresa fechou passado 1 mês e não me pagaram... Voltei a ser enrabado (o povo diz assim...)! Tentei, tentei, tentei... Novo emprego! Agora sim... Este vai ser a sério... E foi! 
Agora era a vez de me dar bem nos amores (pensava eu...). Era um direito que me assistia... 
Certa noite lá fui bailar à mítica noite Horse meat Disco, desse estabelecimento de diversão noturna chamado Eagle London... 
Unts, unts, unts... Double gin... Unts, unts, unts, G&T double... Lá está uma criatura de cabelo cor de laranja quase fluorescente a olhar pra mim fixamente... Maldita a hora que achei tudo aquilo exótico e interessante... Meses depois estava enfiado em Holand Park a viver junto... O chamado... Em pecado... Se me tinha emborrachado até cair naquela noite em que conheci a criatura, mas bebedeira tipo queima das fitas mesmo... Assim daquelas de ir parar ao hospital... é que eu era fino...
Ainda eu achava que os Escoceses seriam, ao contrário dos Ingleses, sãozinhos da cabeça... Enganei-me! 
A criatura revelou-se, não bipolar, não tripular, mas sim... Multipolar!!! Mais uma vez corria risco de vida... (Já sei...drama... Mas deixem-me ser dramático à minha maneira).
Meses depois... E drama de procura de casa ultrapassado... Tenho a minha nova realidade!
A minha micro casa é do mais amorosa que há... Com o dedo grande do pé chego a todo lado... A decoração prima pelo minimalismo sueco (IKEA)... É boa de se limpar e é minha... Só minha!
O meu bairro é o exemplo puro do tão famoso Melting Pot Londrino... Ele há de tudo... É um micro mundo com semelhanças a uma arca de Noé humana com um bocadinho de tudo... E eu adoro... Adoro tudo! 
Já não sei se a vida ideal perfeita de outrora seria a vida perfeita de agora. Venham os Árabes, os Italianos, os Franceses, Espanhóis ou Portugueses. Agora é só pra mim. É hora de viver não em função de um sonho mas sim de uma nova realidade... O que vivi não volta mas ainda há muito pra viver...
Sabeis que mais?
São vidas... Às voltas!

Beijos vários,
PM


segunda-feira, 2 de novembro de 2015

19. Halloween


Estranhamente hoje estou positivo e bem disposto...
Tudo começou na sexta-feira à noite... Trabalhei até tarde pois tinha de aturar um cliente Japonês que anda a ver se põe molho de soja no meu sushi... Tou fora! Seriam umas 8pm quando me dirigi ao Soho ainda em modo Lord pois ia com a roupa do trabalho que me confere um ar de realeza... Talvez não da casa de Windsor mas realeza. 
Como habitualmente fui tomar o drink básico ao pub do costume e já o Halloween pairava no ar... O que a malta quer é festa! Pints e Gins passavam à velocidade da luz e os Ingleses passam de anti sociais a melhores amigos com o handicapto de que não sabem onde parar... Mãozinhas marotas, gritos, convites e propostas inadequadas... Enfim... Um pouco de tudo o que é inconveniente a não ser para o ego... Como é bom sentirmo-nos com ele bem inchado... O ego.
Foi um fim‑de‑semana multicultural ao nível das Nações Unidas... Ele é italia, ele é Arabia, ele é Barhein, ele é França, ele é Escócia, ele é Oman... Todos a darem o seu melhor para a conquista de sexta à noite... Um Francês que não é de todo gay mas gosta de variar, um Escocês que gentilmente refere que seria muito agradável ter sexo comigo, Árabes vários a exibirem o petróleo... You name it and bring it on!
Eis que cansei de ser sexy e estava na hora de descansar pois sábado era a grande noite de Halloween e já não tenho idade pra me destruir com duas de seguida...
Sábado senti que devia fazer algo cultural... Acordei e rumei à Saatchi para ver a exposição da Chanel... Assim que me aproximei do local apercebi-me que só o poderia fazer na próxima encarnação tal era a fila para entrar... Terá baixado um espírito cultural nas várias zonas de Londres ou terá sido algo que o Boris mandou botar na água da companhia? Mais depressa comprava um tailleur, que vai bem em quase todas as ocasiões da vida, do que entrava na exposição... Siga comprar uns adereços para a noite! As lojas rebentavam pelas costuras... um frenesim louco com perucas, maquilhagem, sangue, roupas... Lá encontrei uma peruca a um precinho bom... Era o Elvis!
Após uma descansadela... Soho outra vez! Apanhei o metrô em Holland Park já em modo Elvis... Até aqui nem comprar alfaces, ao Continente, gostava de ir sozinho e agora vou de Elvis no metro como se estivesse no meu melhor... É isto que Londres faz as pessoas... Torna o indivíduo mais individual para o bem e para o mal... Mas adiante que hoje não estou para análises... Hoje estou na linha: Querido diário...
Chegado ao Soho o comitê das Nações Unidas estava mais calmo pois o grau de álcool no sangue ainda não abundava e talvez eu de rockabilly não seja tão apelativo. Drink para aqui e para ali com a malta e estava na hora de ir pra Vauxhall... RVT... Esse mítico estabelecimento onde até a Princesa Diana foi disfarçada de Drag Queen com o Freddie Mercury. Passei de rockabilly a turista no Hawai e dancei como se não houvesse amanhã. O Hawai fica-me melhor e por isso o interesse subiu e Itália preparava-se pra marcar golo mas a Arabia virou o jogo... Priuuuuu!!! Acabou o tempo! Venha o Uber para ir a esse local hediondo que é o XXL. Surpreendentemente estava divertido... Obviamente com os suspeitos do costumes e as suas drogas e sexo, muito e não pouco casual, à mistura... Mas divertido. Eu estava cheio de energia e dancei horrores (encaixa no tema Halloween) até aquilo fechar... Foi uma experiência vê-los a sair... Toca tudo a vestir-se que lá fora tá frio!
Tanta energia gasta tinha de comer... Eram 7.30am e estava no tão tradicional McDonalds a comer aqueles tão típicos pequenos almoços que só embriagado ou com uma grande bebedeira se conseguem comer... Porém tinha toda uma vista... Era uma manhã de nevoeiro que encobria o Big Ben do outro lado do rio... Enquanto fumava o meu cigarro pós pequeno almoço, o nevoeiro ia deixando ver o tão famoso ícone Londrino e a paisagem desfocada voltava à normalidade... Tudo isto acompanhado com side dish Árabe. Bla bla bla... Apanhei o metro e estava outra vez em Holland Park.
Domingo... Sim é dia do Senhor!... Mas este Domingo era dia da senhora... Kylie Minogue foi acender as luzes de Natal de Oxford St. A excitação era imensa... A realidade era outra... Meia dúzia de lampaneiros a cantar musicas pop... Ninguém os conhece a não ser no UK... Lalalalalalala... Lá vem a Kylie carrega no botão, as luzes acendem-se e já está! Natal!
Em modo de conclusão... Acho que já me sinto mais integrado e tive um belo fim‑de‑semana.

Olha... São bidas... Vividas!

Beijos vários,
PM